Pela Consciência Negra e os heróis
e heroínas de nosso povo...
De. Wilson Rodrigues de
Andrade*
Em
homenagem ao líder da resistência antiescravagista do Quilombo dos Palmares, Zumbi, no Brasil comemora, em 20 de
Novembro, o Dia da Consciência Negra.
Data celebrativa é que se manifesta ao mesmo tempo ao dia da captura e morte de
Zumbi. Esse nome, que significa a
“força do espírito presente” é referencia para a luta de parte de um povo que
ainda passa por opressão e intolerância.
Zumbi nasceu em 1655, segundo algumas
pesquisas, sendo descendente de guerreiros angolanos. Em um dos povoados do quilombo, foi capturado
quando garoto por soldados e entregue ao Padre Antônio Melo, de porto Calvo.
Criado e educado por este, o futuro líder do Quilombo dos Palmares já tinha
apreciável noção de português e latim aos 12 anos de idade – batizado com o
nome de Francisco. Padre Melo escreveu várias cartas a um amigo exaltando a inteligência de Francisco (Zumbi). Em 1670,
com 15 anos fugiu para o Quilombo. Este torno o último chefe do Quilombo dos
Palmares.
Com a história deste heroico
militante podemos registrar os que também escreveram a história do Movimento
Negro no Brasil, os que fizeram e forjaram uma marca na população por lutas e sonhos que se
desdobra no cotidiano de um País para ter a liberdade e a emancipação dos seus
direitos. Dandara, também nos deixou sua
marca no contexto, ela companheira e esposa de nosso Zumbi – travou lutas e resistências na Comunidade de Serra
da Barriga.
Em 1910, João Cândido comandava a Revolta dos Marinheiros no Rio de Janeiro.
O desfecho dessa revolta foi o fim dos castigos corporais na Marinha. Porém, J.
Cândido foi expulso e renegado pela Armada Brasileira, por parte da imprensa e
da sociedade.
Aniceto
do Império,
grande nome do Samba do partido-alto – uma das variações do estilo marcada pelo
improviso. Aniceto foi um dos fundadores da tradicional Escola de Samba carioca
‘ Império Serrana, em 1947.
Angenor
de Oliveira – mestre Cartola,
fundador da Estação Primeira de Mangueira, Escola de Samba, tradição e
resistência, ele foi cantor e compositor, poeta e violonista. Ao lado de Dona Zica, sua esposa, inaugurou o
Zicartola na década de 1960, reduto de grandes nomes da música brasileira que
reunia representantes da Bossa Nova da zona sul carioca e os sambistas do
morro.
Clementina
de Jesus
trabalhou por, 20 anos como empregada doméstica, para se sustentar até se
apresentar nos palcos do Rio de Janeiro com intérprete. Seu canto, muito influenciado pelos terreiros
de candomblé, conquistou o mundo artístico e a crítica no meio musical e o
público. Apenas em 1964, aos 62 anos, conseguiu o reconhecimento com artista.
Maria
Firmina, a
autora do primeiro romance abolicionista e uma das raras representantes da
literatura feminina no Brasil do século 19. Ela escreveu o livro intitulado
“Úrsula”, uma produção que apresentava a temática do negro e a condição dos
afrodescendentes na sociedade daquela época.
Addias
Nascimento,
deputados, secretário de Estado e senador, foi também pintor autodidata,
escritor, jornalista, poeta e ator. Ganhou reconhecimento pelo comprometimento
na defesa dos direitos Humanos dos afrodescendentes, que lhe rendeu uma
indicação ao Prêmio Nobel da Paz em 2010.
Aos 88 anos, Mãe Stella é a primeira mãe-de-santo a entrar para a Academia de
Letras da Bahia. Ela enfermeira pela Universidade Federal da Bahia/Ufba, e já
publicou 6 livros, sobre o jogo de búzios. Em 2009, Mãe Stella recebeu o título
de Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado da Bahia/Uneb.
Padre Rocha, em seus ricos anos de evangelização e pioneirismo Pastoral no
propósito de defender a Afrodescendência, serve de referência nas lutas e
conquistas destas Comunidades; de sua
caminhada eclesiástica no território da
Diocese de Valença . Em, 28 de março de 2011, o féretro do Padre Rocha baixou no Campo Santo de ‘São José’ (Cemitério Central
em Três Rios).
Amigos, admiradores e membros de todas as
Paróquias, Capelas, Igrejas e da Matriz diocesana compareceram na Paroquia de S. José Operário –Triângulo –
Bairro central no Município de Três Rios /Rio de Janeiro/Brasil.
Sua
primeira Paróquia ‘Santa Isabel do Rio Preto’ – Valença/RJ. Lembrada por Medoro
de Oliveira Souza Neto, Padre diocesano atual da S. José Operário, grande amigo e companheiro, manteve- se ao lado
de Padre Rocha até os últimos suspiros de sua vida.
Seus 85
anos de existência, Padre Rocha – entre sua família biológica e seu povo;
assim o quanto ele foi. Nossos
agradecimentos ao Padre Rocha – marca de
resistência do Bom Pastor.
A Lei 10.639, de 09 de Janeiro de
2003, incluiu o Dia 20 de Novembro no calendário escolar, data em que comemoramos
o dia Nacional da Consciência Negra. Essa Lei também torna obrigatório o ensino
sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Nas escolas as aulas sobre os temas
História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional; assim poder
proporcionar o resgate das contribuições
dos heróis e heroínas da Nação nas diversas áreas desde a social, cultural
e artística, econômica e politica ao longo da historiografia afro-brasileira e sua Saga. * Andrade,
WR. Pesquisador e Produtor Cultural.