quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Pela Consciência Negra e os heróis e heroínas de nosso povo...

De. Wilson Rodrigues de Andrade*

         Em homenagem ao líder da resistência antiescravagista do Quilombo dos Palmares, Zumbi, no Brasil comemora, em 20 de Novembro, o Dia da Consciência Negra. Data celebrativa é que se manifesta ao mesmo tempo ao dia da captura e morte de Zumbi. Esse nome, que significa a “força do espírito presente” é referencia para a luta de parte de um povo que ainda passa por opressão e intolerância.
           Zumbi nasceu em 1655, segundo algumas pesquisas, sendo descendente de guerreiros angolanos.  Em um dos povoados do quilombo, foi capturado quando garoto por soldados e entregue ao Padre Antônio Melo, de porto Calvo. Criado e educado por este, o futuro líder do Quilombo dos Palmares já tinha apreciável noção de português e latim aos 12 anos de idade – batizado com o nome de Francisco. Padre Melo escreveu várias cartas a um amigo exaltando  a inteligência de Francisco (Zumbi). Em 1670, com 15 anos fugiu para o Quilombo. Este torno o último chefe do Quilombo dos Palmares.
           Com a história deste heroico militante podemos registrar os que também escreveram a história do Movimento Negro no Brasil, os que fizeram e forjaram uma marca  na população por lutas e sonhos que se desdobra no cotidiano de um País para ter a liberdade e a emancipação dos seus direitos. Dandara, também nos deixou  sua marca no contexto, ela companheira e esposa de nosso Zumbi – travou  lutas e resistências na Comunidade de Serra da Barriga.
         Em 1910, João Cândido comandava a Revolta dos Marinheiros no Rio de Janeiro. O desfecho dessa revolta foi o fim dos castigos corporais na Marinha. Porém, J. Cândido foi expulso e renegado pela Armada Brasileira, por parte da imprensa e da sociedade.
Aniceto do Império, grande nome do Samba do partido-alto – uma das variações do estilo marcada pelo improviso. Aniceto foi um dos fundadores da tradicional Escola de Samba carioca ‘ Império Serrana, em 1947.  
       Angenor de Oliveira – mestre Cartola, fundador da Estação Primeira de Mangueira, Escola de Samba, tradição e resistência, ele foi cantor e compositor, poeta e violonista. Ao lado de Dona Zica, sua esposa, inaugurou o Zicartola na década de 1960, reduto de grandes nomes da música brasileira que reunia representantes da Bossa Nova da zona sul carioca e os sambistas do morro.
        Clementina de Jesus trabalhou por, 20 anos como empregada doméstica, para se sustentar até se apresentar nos palcos do Rio de Janeiro com intérprete.  Seu canto, muito influenciado pelos terreiros de candomblé, conquistou o mundo artístico e a crítica no meio musical e o público. Apenas em 1964, aos 62 anos, conseguiu o reconhecimento com artista.
        Maria Firmina, a autora do primeiro romance abolicionista e uma das raras representantes da literatura feminina no Brasil do século 19. Ela escreveu o livro intitulado “Úrsula”, uma produção que apresentava a temática do negro e a condição dos afrodescendentes na sociedade daquela época.
          Addias Nascimento, deputados, secretário de Estado e senador, foi também pintor autodidata, escritor, jornalista, poeta e ator. Ganhou reconhecimento pelo comprometimento na defesa dos direitos Humanos dos afrodescendentes, que lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Nobel da Paz em 2010.
         Aos 88 anos, Mãe Stella é a primeira mãe-de-santo a entrar para a Academia de Letras da Bahia. Ela enfermeira pela Universidade Federal da Bahia/Ufba, e já publicou 6 livros, sobre o jogo de búzios. Em 2009, Mãe Stella recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado da Bahia/Uneb.
          Padre Rocha, em seus ricos anos de evangelização e pioneirismo Pastoral no propósito de defender a Afrodescendência, serve de referência nas lutas e conquistas  destas Comunidades; de sua caminhada eclesiástica  no território da Diocese de Valença . Em, 28 de março de 2011, o féretro do Padre Rocha baixou no Campo Santo de ‘São José’ (Cemitério Central em Três Rios).
      Amigos, admiradores e membros de todas as Paróquias, Capelas, Igrejas e da Matriz diocesana compareceram na Paroquia de S. José Operário –Triângulo – Bairro central no Município de Três Rios /Rio de Janeiro/Brasil.
Sua primeira Paróquia ‘Santa Isabel do Rio Preto’ – Valença/RJ. Lembrada por Medoro de Oliveira Souza Neto, Padre diocesano atual da S. José Operário, grande amigo e companheiro, manteve- se ao lado de Padre Rocha até os últimos suspiros de sua vida.  
Seus 85 anos de existência, Padre Rocha – entre sua família biológica e seu povo; assim  o quanto ele foi. Nossos agradecimentos ao Padre Rocha – marca de resistência  do Bom Pastor.
A Lei 10.639, de 09 de Janeiro de 2003, incluiu o Dia 20 de Novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o dia Nacional da Consciência Negra. Essa Lei também torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Nas escolas as aulas sobre os temas História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional; assim poder proporcionar o resgate das contribuições dos heróis e heroínas da Nação nas diversas áreas desde a social, cultural e artística, econômica e politica ao longo da historiografia  afro-brasileira e sua Saga.                  * Andrade, WR. Pesquisador e Produtor Cultural. 


   

terça-feira, 17 de novembro de 2015

  Os Direitos da Criança / Folha Cultural/FC.

Proclamada pela Assembleia das Nações Unidas/ONU (em Convenção dos Direitos da Criança em 1989), 20 de novembro de 1959, a Declaração dos Direitos da Criança  completa 56 anos neste 2015. Para marcar a data o COMPAZ/ FOLHA CULTURA publica a Declaração na integra:
  
 Considerando que os povos das Nações Unidas, na Carta, reafirmaram promover e contribuir para o desenvolvimento de defesa dos direitos humanos fundamentais,  e resolveram, na dignidade e no valor  do ser humano, e resolveram  promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla.
    Considerando que as Nações Unidas, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamaram  que todos tem capacidade de gozar os direitos  e as liberdades nela estabelecidas, sem distinção de qualquer  espécie, seja de etnia, cor, sexo, língua, opinião política ou social, riqueza, nascimento ou qualquer  outra condição.
    Considerando que a Criança, em decorrência de sua imaturidade física e mental, precisa de proteção e cuidados especiais inclusive proteção legal apropriada, antes e depois do nascimento.
Considerando que a necessidade de tal proteção foi enunciada na Declaração dos Direitos da Criança e Genebra, de 1924, e reconhecida na Declaração Universal dos Diretos Humanos e nos Estatutos das Agências especializadas e Organizações Internacionais interessadas no Bem-Estar da Criança.
    Considerando que a Humanidade deve à Criança o melhor de seus esforços, a Assembleia- Geral da ONU proclama esta Declaração dos Direitos da Criança, a fim de que tenha uma infância feliz e possa gozar ( desfrutar), em seu próprio beneficio e no da sociedade, os direitos e as liberdade, e apela para que os pais, os homens e as mulheres , as autoridades locais e os governos nacionais reconheçam  estes direitos e se empenhem pela sua observância mediante medidas legislativas ou de outra natureza, progressivamente instituídas, de conformidade com os seguintes princípios: 

  Princípio 1º. A Criança gozará todos os direitos enunciados nesta Declaração. Todas as Crianças,  absolutamente sem qualquer exceção, serão credoras destes direitos, sem distinção ou discriminação, por  motivo de etnia, cor, sexo, língua, religião, opinião pública ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição, quer sua ou de sua família.

Principio 2º. A Criança gozará proteção especial e ser-lhe-ão proporcionadas oportunidades e facilidades, por lei e por outros meios, a fim de lhe facultar o desenvolvimento físico, moral, espiritual e social de forma sadia e normal e em condições de liberdade e dignidade. Na promulgação de leis visando a este objetivo, levar-se-ão em conta, sobretudo, os interesses superiores da Criança.

 Principio 3º. Desde o nascimento, toda Criança terá direito a um nome e a uma nacionalidade.

 Principio 4º. A Criança gozará os benefícios da previdência sócia e terá direito a crescer e criar-se co saúde. Para isso, tanto à criança como a mãe, será proporcionada proteção especial; inclusive adequados cuidados pré e pós-natais. A Criança terá direito à alimentação, habitação, recreação e assistência médica adequada.

    Principio 5º. À Criança incapacitada física  ou mentalmente, ou que sofra algum impedimento social, serão proporcionados o tratamento, a educação e os cuidados especiais exigidos pela sua condição peculiar.

 
 Principio 6º. Para o desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a Criança precisa de amor e compreensão. Criar-se-á, sempre que possível, sob os cuidados e responsabilidade dos pais e sempre num ambiente afetivo e de segurança moral e matéria; salvo circunstâncias excepcionais, a Criança de tenra idade não será apartada da mãe. À sociedade e às  autoridades caberá a obrigação de  proporcionar cuidados especiais às crianças sem família e àquelas que carecem de meios adequados de subsistência. É desejável a prestação de ajuda oficial ou de outra natureza para a manutenção dos filhos de famílias numerosas.

Principio 7º. A Criança terá direito a receber educação, que será gratuita e obrigatória pelo menos no grau primário.
                    Ser-lhe-á proporcionada uma educação capaz de promover sua cultura geral e capacitá-la, em condições de iguais oportunidades, a desenvolver as suas aptidões, sua capacidade de emitir juízo e seu senso de responsabilidade moral e social, e a tornar-se um membro útil da sociedade.
                   Os superiores interesses da Criança serão a diretriz a nortear os responsáveis pela sua educação e orientação; esta responsabilidade cabe, em primeiro lugar, aos pais. A Criança terá  ampla oportunidade para brincar e divertir-se,  visando aos propósitos  mesmos de  sua educação. A sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover  o gozo( desfrutar) deste direito.      

   Principio 8º. A Criança figurará, em quaisquer circunstancias, entre os primeiros a receber proteção e socorro.

   Principio 9º. A Criança deve ser protegida contra quaisquer forma de negligência, crueldade  e exploração. Não será jamais objeto de tráfico, sob qualquer forma. Não será permitido à criança empregar-se antes de uma idade mínima conveniente; de nenhuma forma será levada a, ou ser-lhe-á permitido, empenhar-se em qualquer ocupação ou emprego que lhe prejudique a saúde ou a educação, ou que interfira em seu desenvolvimento físico, mental ou moral.

Principio 10. A Criança gozará proteção  contra atos possam suscitar discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza.
                      Criar-se-á num ambiente de compreensão, de tolerância, de amizade entre os povos, de paz e de fraternidade universal e em plena consciência de que seu esforço e aptidão devem ser postos a serviço de seus semelhantes.

     Nós do Comitê pela Paz/COMPAZ – no propósito de estarmos na caminhada dos facilitadores da Cultura de Paz entre os Povos; e o apoiar e promover a aplicação desta Declaração dos Direitos da Criança; com entusiasmo saudável e a consciente atitude pacifista - cultural  no meio de nossa Região/Alvo.   
     

   

Via UNIC-Rio /COMPAZ-FC.

ACNUR: Crianças refugiadas dividem palco com artistas e personalidades no Rio nesta quarta-feira (18/11/15)

O Coro Infantil Coração Jolie, formado por 65 crianças refugiadas que vivem no Brasil, se apresenta no Theatro Net Rio, nesta quarta-feira (18), às 20h30, para celebrar o Dia Universal da Criança.
Coro Infantil Coração Jolie durante apresentação no Dia Mundial de Refugiados. Foto: Cáritas RJ
Coro Infantil Coração Jolie durante apresentação no Dia Mundial de Refugiados. Foto: Cáritas RJ
As crianças de sete nacionalidades (Angola, Jordânia, Palestina, República Democrática do Congo, Síria, Sudão do Sul e Iêmen) dividirão o palco com várias personalidades que apoiam a causa do refúgio: as atrizes Malu Mader, Bruna Marquezine e Lívian Aragão, os humoristas Marcos Veras e Luis Lobianco, as apresentadoras Fernanda Rodrigues e Gabriela Freitas, e o jornalista Felipe Suhre.
O show “Made in Coração” irá celebrar o Dia Universal da Criança, declarado pelas Nações Unidas por ser a data em que foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos da Criança em 1959 e a Convenção dos Direitos da Criança em 1989.
Acompanhadas pela Orquestra de Cordas da Grota de Niterói, o repertório promete surpreender o público com releituras de grandes sucessos.
Realizado pela ONG IKMR (I Know My Rights/Eu Conheço meus Direitos), a iniciativa tem o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e do Theatro Net Rio e dará visibilidade ao fenômeno do refúgio e à grave violação de direitos humanos à qual milhões de crianças refugiadas estão expostas.
De acordo com dados divulgados pelo ACNUR, existem no mundo 19,5 milhões de refugiados e mais da metade são menores de 18 anos. No Brasil, segundo dados do CONARE, cerca de 19% dos aproximadamente 8.500 refugiados reconhecidos pelas autoridades brasileiras são menores de 17 anos.
Serviço: 
Exposição "Made in Coração”, do Coro Infantil Coração Jolie
Local: Theatro Net Rio (Rua Siqueira Campos, 143 – Copacabana)
Data: 18/11 às 20:30
Preço: R$20,00 inteira e R$10,00 meia entrada

Via UNIC-Rio / Compaz-FC.

ESPECIAL: A intolerância contra as religiões de matrizes africanas no Brasil

Em comemoração à Década Internacional de Afrodescendentes, documentário produzido pelo Centro de Informação da ONU para o Brasil (UNIC Rio) aborda as causas da intolerância religiosa e a riqueza da cultura afrodescendente no país.
As religiões de matrizes africanas são parte da diversidade religiosa do Brasil. Entre algumas dessas manifestações, que têm como referência a cultura trazida pelos africanos durante mais de 300 anos de escravidão, estão catimbó, cabula e principalmente umbanda e candomblé, que se propagaram com mais intensidade pelo Brasil.
Desde sua chegada ao Brasil, os praticantes de religiões de matrizes africanas foram alvo de perseguições por manifestarem a sua fé. Mas ainda hoje, em 2015, os episódios de intolerância religiosa fazem parte do cotidiano. No contexto da Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), a ONU destaca essas manifestações brasileiras e de forte ligação com a África.
Culto de Candomblé na Casa Pai Anderson de Oxaguiãn. Foto: UNIC Rio/Natalia da Luz
Culto de Candomblé na Casa Pai Anderson de Oxaguiãn. Foto: UNIC Rio/Natalia da Luz
“Eu costumo dizer que a África e o Brasil se casaram e tiveram dois filhos: candomblé e umbanda. O candomblé é uma religião de matriz africana, a sua origem está na África, sobretudo no sudoeste da África. É uma religião brasileira e que se constituiu não só com essa matriz, mas com o sincretismo a partir da relação com o cristianismo, com cultos e vivências indígenas. A umbanda tem outra forma de sincretizar além dessa construção africanista porque promove outras relações com o misticismo, valores ciganos, kardecistas e hinduístas”, explicou, em entrevista exclusiva ao Centro de Informação da ONU para o Brasil (UNIC Rio), o babalorixá Márcio de Jagun, ressaltando que, para os detratores, tanto os candomblecistas quanto os umbandistas são chamados de “macumbeiros”.
Apesar da influência africana desde o século XVI, o candomblé e a umbanda se consolidaram na sociedade brasileira nos últimos 200 anos, principalmente no início do século XX, quando o público pôde ter conhecimento das práticas a partir, por exemplo, das pesquisas de Pierre Verger, etnólogo francês e babalaô, que dedicou a maior parte de sua vida ao estudo da diáspora africana e ao comércio de escravos.
Essas práticas religiosas de matrizes africanas também fazem referência à comida, à música, aos tecidos e aos costumes não apenas dos escravos, mas dos colonizadores. Como exemplo deste sincretismo estão a indumentária e as louças que foram acrescentadas ao culto, como referência aos costumes portugueses.
Foto: UNIC Rio/Natalia da Luz
Foto: UNIC Rio/Natalia da Luz
“Após a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República, vimos um movimento eugenista crescer no Brasil. A ideia era embranquecer o país, dar identidade europeia. Então, toda essa cultura afro foi criminalizada: o samba, a capoeira, a prática religiosa… Tudo era estigmatizado”, destaca, em entrevista ao UNIC Rio, o babalaô Ivanir dos Santos, acrescentando que a África está muito presente no seio da história e da construção da religiosidade, mas isso não recebe a importância que deveria.
Foto: UNIC Rio/Natalia da Luz
Foto: UNIC Rio/Natalia da Luz
Desafios para mensurar os praticantes
De acordo com o último censo, de 2010, menos de 1% da população brasileira pratica as religiões de matrizes africanas. Mas esse universo não condiz com a realidade, já que ele não expressa a quantidade de pessoas que, juntamente com outras religiões, frequentam os cultos de matriz afro. O documento do IBGE informa que há cerca de 407 mil praticantes da umbanda, 167 mil do candomblé e cerca de 14 mil de outras religiões de matrizes africanas.
“O ultimo censo mostrou a diversificação do campo religioso. O catolicismo, religião hegemônica, vem decrescendo, o que vem abrindo espaço para o crescimento dos neo-pentecostais. Já os afro-religiosos, representam menos de 1%. O que vários especialistas têm dito, e eu concordo, é que esse número está subestimado. Há que se fazer uma pesquisa mais cuidadosa de maneira a saber como isso pode ser perguntado para chegarmos mais perto da religiosidade brasileira. Antigamente, sabemos que em muitos terreiros, vários cultos eram realizados na igreja católica. Desta forma, deveria ser aceitável na declaração que a pessoa se identificasse com mais de uma religião”, diz a antropóloga Sonia Giacomini.
Foto: UNIC Rio/Natalia da Luz
Foto: UNIC Rio/Natalia da Luz
Ciente da demanda para estudar e divulgar o trabalho desenvolvido nas casas, uma pesquisa coordenada por Giacomin e desenvolvida pelo Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente da PUC -Rio mapeou 847 terreiros do Rio de Janeiro. O resultado foi divulgado no livro “Presença do Axé: Mapeando terreiros no Rio de Janeiro”, que revelou também o mapa da intolerância religiosa.
“Grande parte das perguntas do estudo, que também foi desenvolvido pela pesquisadora Denise Pini, era sobre o funcionamento da casa. Além dessas questões, o conselho religioso resolveu que teria que ter uma outra bem importante: se a casa tinha sofrido algum episódio de discriminação. Como as respostas foram muito minuciosas, pudemos identificar quem eram os agressores, quem eram as vítimas e, desta forma, um mapa da intolerância.”
Acirramento da Intolerância Religiosa
Foto: UNIC Rio/Natalia da Luz
Foto: UNIC Rio/Natalia da Luz
Em junho, uma menina de 11 anos, praticante do candomblé, levou uma pedrada na cabeça, após saída do culto na Vila da Penha, Rio de Janeiro. A família registrou a ocorrência como lesão corporal e prática de discriminação religiosa.
Márcio, que é membro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro (CCIR-RJ), diz que não é concebível que alguns religiosos incitem a violência e que seus superiores sejam alheios a essa discussão. Eles precisam ser responsabilizados. O parágrafo VI do artigo 5º da Constituição brasileira diz que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. A Lei Caó (Lei 7.716/89) considera crime a intolerância religiosa.
Foto: UNIC Rio/Natalia da Luz
Foto: UNIC Rio/Natalia da Luz
De acordo com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, foram registradas 39 queixas pelo Disque 100 apenas em 2013, o que deu ao estado do Rio o título de maior detentor das denúncias em todo o Brasil, mas o registro ainda é muito precário.
Márcio conta que a Secretária Nacional de Direitos Humanos contabilizou, até hoje, 500 casos de intolerância religiosa em toda a sua história. Esse número não condiz com o cenário atual, principalmente, porque muitos dos casos que deveriam ser registrados como intolerância religiosa são catalogados como briga de vizinho, injúria ou calúnia.
A intolerância religiosa está na história do Brasil desde a chegada dos portugueses, já que, nas primeiras missões, havia a clara intenção de converter os índios e os escravos ao catolicismo. Ao longo dos séculos, essa ideia parece ter sido perpetuada.
“As igrejas neo-pentecostais têm disputado espaço com os barracões, têm desejado ocupar o nosso espaço. Muitas vezes, elas se preocupam em comprar os nossos terreiros e, nos mesmos espaços, abrir os templos”, afirma Márcio, que também é presidente da Associação Nacional de Mídia Afro.
Foto: UNIC Rio/Natalia da Luz
Foto: UNIC Rio/Natalia da Luz
As igrejas neo-pentecostais congregam denominações oriundas do pentecostalismo clássico ou mesmo das igrejas cristãs tradicionais (como as batistas e metodistas). Elas surgiram aproximadamente 60 anos após o movimento pentecostal do início do século XX, em 1906.
Para Ivanir, existe uma disputa de mercado pelos fiéis, que cria uma demonização para que os praticantes de religiões afro se sintam envergonhados, o que se apresenta como um risco para a sociedade, não só para liberdade religiosa, mas para liberdade politica.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Via UNIC-Rio/COMPAZ-FC.

UNFPA: Partos mais seguros e gravidez desejada são temas do encontro de Obstetrícia em São Paulo

O investimento na melhoria da qualidade da prestação dos serviços obstétricos contribui para a redução dos índices de mortes maternas e ajuda a mitigar desigualdades sociais. Evento conta com o apoio do Fundo de População das Nações Unidas.
Acompanhamento pré-natal nas unidades básicas de saúde de Curitiba. Foto:SMCS/Valdecir Galor.
Acompanhamento pré-natal nas unidades básicas de saúde de Curitiba. Foto:SMCS/Valdecir Galor.
A Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP) abre nesta quarta-feira (12) o “VII Encontro de Obstetrícia”. O evento de dois dias conta com apoio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e comemora os 10 anos da retomada da formação de obstetrizes na instituição de ensino. São esperadas ao menos 200 pessoas, entre estudantes, pesquisadores, representantes do governo e profissionais de saúde que debaterão o contexto atual e o futuro da profissão no Brasil.
O curso, que formou a primeira turma em 2008, se conecta diretamente ao trabalho desenvolvido pelo UNFPA globalmente, com destaque para dois de seus principais objetivos: garantir que todos os partos sejam seguros e de que todas as gravidezes sejam desejadas.
O investimento na melhoria da qualidade da prestação dos serviços obstétricos contribui para a redução dos índices de mortes maternas, mas, sobretudo, para a reflexão sobre como os determinantes sociais definem as características destes óbitos e, mais importante ainda, sobre os caminhos para transformar as realidades e mitigar as iniquidades em saúde vivenciadas por mulheres, em especial as adolescentes e jovens, as negras, as menos escolarizadas, residentes em municípios de pequeno porte ou nas periferias dos grandes centros urbanos.
A realização do Encontro também se insere, segundo a Universidade, no atual contexto brasileiro de luta por mudanças no modelo de assistência à saúde das mulheres, sobretudo no que se refere à gestação, parto e pós-parto. De acordo com a professora Elizabete Franco, o curso oferece uma formação interdisciplinar em obstetrícia, voltada para a qualidade da assistência baseada no cuidado, tendo as mulheres na centralidade do processo, considerando dimensões históricas, sociais e comunitárias para a promoção dos direitos humanos, com destaque para os direitos sexuais e reprodutivos.
Durante o encontro será lançado o Resumo Executivo do Relatório Global “O Estado da Obstetrícia no Mundo: Um Caminho Universal. Um Direito da Mulher à Saúde (SoWMy 2014)”. Inspirada a partir da iniciativa Every Woman, Every Child (Cada Mulher, Cada Criança) do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, a pesquisa tem como principal objetivo fornecer evidências sobre o estado da obstetrícia no mundo em 2014 para: apoiar diálogos entre os governos e seus parceiros sobre a criação de políticas; acelerar o progresso dos ODMs na área da saúde; identificar os avanços dos últimos três anos.
A programação está disponível no site do evento.

UNIC-Rio/COMPAZ-FC.

No aniversário de 70 anos da UNESCO, chefe da agência pede compromisso com ‘novo humanismo’

‘Sete décadas depois de sua criação, a ideia central da UNESCO repercute de forma mais potente do que nunca’, afirmou Irina Bokova durante a 38ª Conferência Geral da Organização.
Foto: UNESCO/Nora Houguenade
Foto: UNESCO/Nora Houguenade
Apresentando nesta quarta-feira (4/11/15) o relatório anual para a 38ª Conferência Geral, que ocorreu no marco dos 70 anos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, diretora-geral da agência, lembrou sobre a importância da atuação da Organização e pediu a cooperação dos Estados-membros para a superação de desafios e alcance de suas prioridades.
Entre os feitos da agência nos últimos dois anos, Bokova enfatizou o avanço na educação dos mais vulneráveis, o combate ao tráfico ilícito de relíquias culturais; a implantação de sanções econômicas ao Estado Islâmico no Iraque e o Levante (ISIL); a reconstrução de Patrimônio Mundial de Mali e a resistência à extrema radicalização, entre outros.
“Sete décadas depois de sua criação, a ideia central da UNESCO repercute de forma mais potente do que nunca: podemos construir sociedades mais fortes e mais resilientes por meio da educação, da ciência, das culturas e do livre fluxo de ideias”, afirmou Bokova.
A chefe da agência lembrou que a Agenda 2030 é importante para o alcance de objetivos da UNESCO por englobar prioridades da agência, como a educação global; a cultura; ciência; a sustentabilidade das águas e dos oceanos; a liberdade de expressão; e a boa governança.
Bokova pediu ainda mais apoio dos Estados-membros para a reforma organizacional, especialmente na transparência, estrutura, parcerias e liderança. Lembrando sobre as diversas iniciativas em curso para proteger o patrimônio comum, livros didáticos e reservas da biosfera transfronteiriças conjuntas, Bokova disse que “não é suficiente conectar, devemos compartilhar”. Ela pediu aos governos o compromisso com o “novo humanismo”.
“O papel da UNESCO é propor iniciativas que unam as pessoas, que fortaleçam as solidariedades intelectual e moral entre os povos, reforcem a convicção da humanidade como uma única família, unida em sua diversidade”, destacou Bokova, reiterando os valores da UNESCO ao longo dos últimos 70 anos.

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