segunda-feira, 24 de junho de 2019


 *Afonso Romano de Sant’ Anna
                               * 
Escritor, Presidente da Biblioteca Nacional/Rio de Janeiro-Brasil.          

                  
                   Mentiram-me.
Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente.
Mentem de corpo e alma completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.

Mentem, sobretudo, impunimente.
Não mentem tristes,
Alegremente mentem.
Mentem tão nacionalmente
que acham que mentindo historia afora
vão enganar a morte eternamente.

Mentem, mentem e calam
mas as frases falam e desfilam de tal modo nuas
que mesmo o cego pode ver a verdade
em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil e para alguns é cara e
Escura,
Mas não se chega à verdade pela mentira
Nem a democracia pela ditadura.

Evidentemente crer que uma flor nasceu em
Hiroshima e em Auschwitz havia um
Circo permanentemente.

Mentem, mentem caricaturalmente,
mentem como a careca mente ao pente,
mentem como a dentadura mente ao dente,
mentem como a carroça à besta em frente,
mentem como a doença ao doente,
mentem como o espelho  transparente
mentem deslavadamente como nenhuma lavanderia
ao ver a nódoa sobre o rio
mentem com a cara limpa e na mão o sangue quente,
mentem ardentemente como doente nos seus
instantes de febre,
mentem fabulosamente como o caçador que quer
                   passar gato por lebre,
e nessa pilha de mentiras a caça é que
                          caça o caçador e assim cada qual
                    Mente indubitavelmente.

Mentem partidariamente,
mentem incrivelmente,
mentem tropicalmente,
mentem hereditariamente,
mentem, mentem e de tanto mentir tão bravamente
constroem um País de mentiras diariamente. 

 Publicado ( Entre - Rios Jornal) - Coluna Panorama Geral
                                     /Andrade, WR /Agosto /2005.


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