Pacto Global da ONU mapeia desafios do setor privado para enfrentar corrupção no Brasil
- Publicado em 30/03/2017
“O problema do Brasil não é a construção civil, não
são os trens, não é a carne. O problema do Brasil é a corrupção”. Foi assim que
o presidente do Pacto Global da ONU no Brasil, André Oliveira, descreveu a
atual crise por que passa o país. Para combater crimes no âmbito corporativo, a
rede de empresas reuniu 60 representantes do setor privado, governo e academia
na semana passada (21), em São Paulo, para um workshop sobre como coibir ações
corruptas.
André Oliveira, presidente do
Pacto Global da ONU no Brasil, destacou importância do combate à corrupção.
Foto: Pacto Global/Fellipe Abreu (Legenda de foto/Arq.)
“O problema do Brasil não é a construção civil,
não são os trens, não é a carne. O problema do Brasil é a corrupção”. Foi assim
que o presidente do Pacto
Global da ONU no Brasil, André Oliveira, descreveu a atual crise por que
passa o país. Para combater crimes no âmbito corporativo, a rede de empresas
reuniu 60 representantes do setor privado, governo e academia na semana passada
(21), em São Paulo, para um workshop sobre como coibir ações corruptas. “Nossa
ideia é identificar desafios cruciais, buscar soluções e compartilhá-las e
capacitar principalmente as pequenas e médias empresas, que por conta de suas
estruturas menores acabam tendo mais dificuldade nessa área”, afirmou Oliveira
durante o evento. O encontro foi a primeira atividade da Projeto de Ação
Coletiva, iniciativa conjunta dos brações nacionais do Pacto Global no Brasil,
Nigéria, Quênia e Japão. O objetivo da iniciativa é criar espaços de diálogo e
aprendizado. O programa vai até junho de 2018.
“Nesse primeiro workshop, a ideia é fazer um
grande mapeamento sobre os desafios” enfrentados pelas empresas, explicou
Reynaldo Goto, coordenador do Grupo de Trabalho Anticorrupção da Rede
Brasil do Pacto Global e diretor de Compliance da Siemens.
Para a secretária de Transparência e Prevenção da
Corrupção do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da
União, Claudia Taya, programas de enfrentamento à corrupção devem ser
abrangentes, incluindo medidas tanto para o setor privado, quanto para o setor
público. “A corrupção é uma via de mão dupla, e para todo o corruptor, há um
corrompido”, afirmou. Roberto Livianu, do Instituto Não Aceito Corrupção,
apontou em que a corrupção não vai ser resolvida por obra do acaso e que é
necessário que haja ação no campo político. “Não dá para saber quanto custa a
corrupção, pois a maior parte dos casos não é denunciada, seja porque há medo
ou porque não convém. O que sabemos (atualmente) é a ponta do iceberg”,
alertou. Segundo Paula Oda, do Instituto Ethos, o esforço coletivo e
generalizado é visto um fator de mudança de políticas públicas e de
comportamento. Contudo, transformações que se traduzam em novas leis e medidas
anticorrupção devem contemplar especificidades de cada setor. Também presente
no evento, Agatha Camargo, representante da Associação Brasileira de
Comunicação Empresarial (ABERJE) e pesquisadora da Universidade de São Paulo
(USBP), frisou que “a falência do ponto de vista moral que acontece na
sociedade brasileira também acontece nas organizações”. A especialista
expressou preocupação com o que chamou de “mutismo moral”. Em grandes empresas,
o número de denúncias ainda é muito baixo, lembrou. “A gente está encabeçando
uma mudança cultural que pode, do ponto de vista da sustentação, ser muito
frágil, e isso pode ser ‘para inglês ver’”, acrescentou Agatha sobre os
recentes desdobramentos no combate à corrupção no Brasil. ( Com : COMPAZ/FC)
)