quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Pela Consciência Negra e os heróis e heroínas de nosso povo...

De. Wilson Rodrigues de Andrade*

         Em homenagem ao líder da resistência antiescravagista do Quilombo dos Palmares, Zumbi, no Brasil comemora, em 20 de Novembro, o Dia da Consciência Negra. Data celebrativa é que se manifesta ao mesmo tempo ao dia da captura e morte de Zumbi. Esse nome, que significa a “força do espírito presente” é referencia para a luta de parte de um povo que ainda passa por opressão e intolerância.
           Zumbi nasceu em 1655, segundo algumas pesquisas, sendo descendente de guerreiros angolanos.  Em um dos povoados do quilombo, foi capturado quando garoto por soldados e entregue ao Padre Antônio Melo, de porto Calvo. Criado e educado por este, o futuro líder do Quilombo dos Palmares já tinha apreciável noção de português e latim aos 12 anos de idade – batizado com o nome de Francisco. Padre Melo escreveu várias cartas a um amigo exaltando  a inteligência de Francisco (Zumbi). Em 1670, com 15 anos fugiu para o Quilombo. Este torno o último chefe do Quilombo dos Palmares.
           Com a história deste heroico militante podemos registrar os que também escreveram a história do Movimento Negro no Brasil, os que fizeram e forjaram uma marca  na população por lutas e sonhos que se desdobra no cotidiano de um País para ter a liberdade e a emancipação dos seus direitos. Dandara, também nos deixou  sua marca no contexto, ela companheira e esposa de nosso Zumbi – travou  lutas e resistências na Comunidade de Serra da Barriga.
         Em 1910, João Cândido comandava a Revolta dos Marinheiros no Rio de Janeiro. O desfecho dessa revolta foi o fim dos castigos corporais na Marinha. Porém, J. Cândido foi expulso e renegado pela Armada Brasileira, por parte da imprensa e da sociedade.
Aniceto do Império, grande nome do Samba do partido-alto – uma das variações do estilo marcada pelo improviso. Aniceto foi um dos fundadores da tradicional Escola de Samba carioca ‘ Império Serrana, em 1947.  
       Angenor de Oliveira – mestre Cartola, fundador da Estação Primeira de Mangueira, Escola de Samba, tradição e resistência, ele foi cantor e compositor, poeta e violonista. Ao lado de Dona Zica, sua esposa, inaugurou o Zicartola na década de 1960, reduto de grandes nomes da música brasileira que reunia representantes da Bossa Nova da zona sul carioca e os sambistas do morro.
        Clementina de Jesus trabalhou por, 20 anos como empregada doméstica, para se sustentar até se apresentar nos palcos do Rio de Janeiro com intérprete.  Seu canto, muito influenciado pelos terreiros de candomblé, conquistou o mundo artístico e a crítica no meio musical e o público. Apenas em 1964, aos 62 anos, conseguiu o reconhecimento com artista.
        Maria Firmina, a autora do primeiro romance abolicionista e uma das raras representantes da literatura feminina no Brasil do século 19. Ela escreveu o livro intitulado “Úrsula”, uma produção que apresentava a temática do negro e a condição dos afrodescendentes na sociedade daquela época.
          Addias Nascimento, deputados, secretário de Estado e senador, foi também pintor autodidata, escritor, jornalista, poeta e ator. Ganhou reconhecimento pelo comprometimento na defesa dos direitos Humanos dos afrodescendentes, que lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Nobel da Paz em 2010.
         Aos 88 anos, Mãe Stella é a primeira mãe-de-santo a entrar para a Academia de Letras da Bahia. Ela enfermeira pela Universidade Federal da Bahia/Ufba, e já publicou 6 livros, sobre o jogo de búzios. Em 2009, Mãe Stella recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado da Bahia/Uneb.
          Padre Rocha, em seus ricos anos de evangelização e pioneirismo Pastoral no propósito de defender a Afrodescendência, serve de referência nas lutas e conquistas  destas Comunidades; de sua caminhada eclesiástica  no território da Diocese de Valença . Em, 28 de março de 2011, o féretro do Padre Rocha baixou no Campo Santo de ‘São José’ (Cemitério Central em Três Rios).
      Amigos, admiradores e membros de todas as Paróquias, Capelas, Igrejas e da Matriz diocesana compareceram na Paroquia de S. José Operário –Triângulo – Bairro central no Município de Três Rios /Rio de Janeiro/Brasil.
Sua primeira Paróquia ‘Santa Isabel do Rio Preto’ – Valença/RJ. Lembrada por Medoro de Oliveira Souza Neto, Padre diocesano atual da S. José Operário, grande amigo e companheiro, manteve- se ao lado de Padre Rocha até os últimos suspiros de sua vida.  
Seus 85 anos de existência, Padre Rocha – entre sua família biológica e seu povo; assim  o quanto ele foi. Nossos agradecimentos ao Padre Rocha – marca de resistência  do Bom Pastor.
A Lei 10.639, de 09 de Janeiro de 2003, incluiu o Dia 20 de Novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o dia Nacional da Consciência Negra. Essa Lei também torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Nas escolas as aulas sobre os temas História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional; assim poder proporcionar o resgate das contribuições dos heróis e heroínas da Nação nas diversas áreas desde a social, cultural e artística, econômica e politica ao longo da historiografia  afro-brasileira e sua Saga.                  * Andrade, WR. Pesquisador e Produtor Cultural. 


   

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  O quanto a Arte é necessária, todos devemos saber; o manter a Comunidade Humana e seu Processo Civilizatório e sua Causa. * FC/WRA. (…) Pa...