sexta-feira, 12 de maio de 2017

 

A Cultura.  Nossa Gente pela utopia brasileira.

                                                                        De: * Wilson Rodrigues de Andrade
         Praticamente todos os grandes analistas da Nação brasileira, a começar por Joaquim Nabuco e culminar com o Antropólogo, Darcy Ribeiro tinham os olhos voltados para o passado – como se formou este tipo de Sociedade que temos com características indígenas, negras, ibéricas, europeias e asiáticas. Foi detalhista, a exemplo do Sociólogo, Gilberto Freyre, mas não dirigiam os olhos para frente – que utopia nos move e como vamos concretizá-la historicamente.
           Todos os Países que se firmaram, projetaram seu Sonho maior, e bem ou mal o realizaram, às vezes, como os Países europeus, penalizando pela colonização, outros Povos na África, na América Latina e na Ásia. Geralmente é num contexto de crise que se elabora a utopia, como forma de encontrar uma saída. O Celso Furtado que além de um renomado economista era um agudo observador da Cultura nos diz num livro que deve ser meditado pelos que se interessam pelo futuro do País: “Brasil – a construção interrompida”/ “Falta-nos a experiência de provas cruciais, como as que conheceram outros povos cuja sobrevivência chegou estar ameaçada”(1992, p.35).  Não nos faltaram situações críticas que seriam as chances para elaborar a nossa utopia. Mas as forças conservadoras e reacionárias “se empenharam em interromper o nosso Processo Histórico de formação de um Estado -Nação” (p.35), por medo de perder seus privilégios.
         E, assim ficamos apenas com um Brasil do imaginário, gentil, forte, grande, a província de potencial inexplorado. Mas fomos impedidos de construir um Brasil real que integrasse minimamente a todos, multicultural, tolerante e até místico.
         Deve partir de cada um de Nós, e nos oferecer o desafio de construir esta utopia. Confabular as nossas ações neste Setor.  Deve ser a partir de algo tipicamente nosso, que tenha raízes em nossa História. Esse patamar básico é a Nossa Cultura, especialmente a Nossa Cultura Popular. Como disse Celso Furtado – “desprezados pelas elites, os valores da cultura popular procedem a seu caldeamento com considerável autonomia em face das culturas dominantes” (O longo amanhecer, 1999, p.65). O que faz o Brasil ser Brasil é a autonomia criativa da Cultura de raiz Popular. Nossa Gente a atuar em nossos Palcos encantados por entre este Brasil de toda Gente. A Cultura aqui é vista como um sistema de valores e de projetos de povo. Essa Cultura se move na lógica dos fins e dos grandes símbolos e relatos que dão sentido à vida. Essa Cultura é perpassada pela razão cordial e contrasta com a lógica fria dos meios, inerente à razão instrumental- analítica – ou, seja, visa à acumulação material.  
Esta última predominou e nos fez apenas imitadores secundários dos Países tecnicamente mais avançados.
A Cultura segue outra lógica, ligada à Vida, esta que vale mais que a acumulação de bens materiais.
         O filósofo e economista Gianetti, em suas obras, viu a fecundidade de nossa Cultura para elaborar o Sonho brasileiro. Mas ninguém melhor que o cientista social Luiz Gonzaga de Souza Lima, em seu ainda não reconhecido livro: “A Refundação do Brasil: rumo à sociedade biocentrada” /2011, onde sistematiza o ponto principal da Cultura Brasileira como a facilitadora da utopia do Brasil e de nossa identidade regionalizada. A Nossa Cultura, admirada já no mundo inteiro, nos permite refundar o Brasil que significa –“ter a vida como a coisa mais importante do sistema social... é construir uma Organização Social que busque e promova a Felicidade, a Alegria, a Solidariedade, a Partilha, a Defesa comum, a união na necessidade, o vínculo, o compromisso com a Vida de todos. Uma Organização Social que inclua todos os seus membros, que elimine e impeça a exclusão de todos os tipos e em todos os níveis”(p.266).
          A solução para o Brasil não se encontra na economia como o sistema dominante nos quer fazer crer, mas na vivência de seu modo de ser aberto, afetuoso, alegre, amigo da Vida. A razão instrumental nos ajudou a criar uma infraestrutura básica sempre indispensável. Mas o principal foi colocar as bases para uma Biocivilização que celebra a Vida, que convive com a pluralidade das manifestações, dotada de incrível capacidade de integrar, de sintetizar e de criar Espaços, e nestes nos sentimos mais humanizados. Pela Cultura, não feita para o mercado, e sim, para ser vivida e celebrada, poderemos antecipar, um pouco pelo menos, o que poderá ser uma Humanidade Globalizada,  e que possamos sentir a Terra como grande Mãe e Casa Comum.
           O Sonho maior, a Nossa utopia é a comensalidade – sentarmos juntos à mesa e desfrutar a alegria de conviver amigavelmente e de saborear os bons frutos do grande e generoso Chão. Trafegar pelos Caminhos da Diversidade para o Desenvolvimento no contexto Artístico e Cultural, e em prol da brasilidade de Nossa Gente. (Adaptação de Textos/ *Wilson Rodrigues de Andrade/Jornalista, Poeta e Produtor Cultural/FC - 2016)


 

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