sexta-feira, 11 de novembro de 2016



Via Folha Cultural/Jornalismo Pacifista-Cultural

Escravo africano – Mãos e Pés na construção da Civilização brasileira
                                    * De: Wilson Rodrigues de Andrade /FC. (pesquisa e organização...)

       A brasilidade passa pelo resgate de nossa africanidade, suas manifestações, seus costumes e seu legado; resultando, assim, nossa Pátria Mestiça.
A preservação histórica- econômica e sociocultural, exige de cada um de nós, respeito e gratidão para com os laços da diversidade/identidade étnica no contexto de nossa herança. Hoje. Os valores que carregamos na alma; o legado na música, e sua musicalidade acompanham seu gingado, a literatura, suas tradições, o envolvimento das expressões e conteúdos materiais e  imateriais. Tudo em forma de Canção.   Sua contribuição consistiu em trazer as impressões artísticos e culturais, organizações e movimentos políticos e sociais  negros  para o centro da cena,  entre escravizados e forros, trânsitos de africanos livres  por entre África e  Brasil, e  outros  no mundo transatlântico  após 1.822. Os que sofreram injustiças conseguiram transformar em diálogos entre culturas. ‘ quem excluir a África da História não entenderá o Brasil’ WRA/12.


Um pouco da História.  ...O Brasil foi o último a liberta- lós...
  
Pertencentes a diversas culturas, os escravos eram, em sua maioria, das possessões na África – Angola, Congo e Moçambique – da língua banto. A Bahia foi uma exceção, quanto à etnia dos seus escravos, recebendo, nos últimos anos do Século XVIII, e na primeira metade do XIX, africanos do golfo de Benin, sudeste da atual Nigéria, vítimas de perseguições ligadas à expansão islâmica na região. Eram os Iorubas, chamados de magos na Bahia, geges e haussás, considerados, mas belicosos do que os bantos. “ Explicou-se a escravidão no Brasil como consequência inevitável da escassez de braços em Portugal”. Mas os colonos açucareiros franceses, holandeses e ingleses, no Caribe também foram escravistas.  Para que as Colônias rendessem lucros, deveriam produzir, a baixo preço, mercadorias comercializadas na Europa.
Na primeira metade do Século XIX, teriam entrados no Brasil um milhão e meio entre homens e mulheres escravos, até a proibição do tráfico em 1.850.
Além da presença marcante do escravo no campo, é importante focalizar a escravidão urbana, fundamental desde o período colonial. Era nas Cidades que as diferenças culturais entre os africanos eram mais acentuadas, havendo até aqueles que, na segunda metade do Século XIX tiveram acesso à educação. Foi nas Cidades que eles – que também constituíam famílias – procuraram se inserir na sociedade, alcançando, não raras vezes, a liberdade, seja por meio da compra da própria alforria, seja por meio de fuga.
 O negro entra na ‘sociedade brasileira’ como cultura dominada e esmagada. E as marcas da escravidão persistem no disfarçado preconceito racial, diante da situação que também muitos se encontram. Não se poderá  pensar em Brasil sem levar em conta toda essa História. O Negro faz um grande favor a tua herança em não se envergonhar do teu passado; e sim,  se afirmar  dia a dia em ser um Cidadão e Cidadã  dono desta Terra que fora adotada debaixo de ferro...

“...Lastros. Pensamentos Culturais. Eloquente
Novos vislumbres. Rastro infinito deste Chão
Monumental Unção. Entoar Sina “envolvente...”
 Andrade, WR/ ‘Raiz Perene’ 09/Nov.

 Maior importador de cativos africanos por mais de 350 anos, o Brasil foi também o último a liberta- lós...
 ...Os Negros eram vendidos aos portugueses pelos sobas-chefes das tribos africanas – com preferência para homens adultos, embora viessem também mulheres, crianças e velhos. Transportados em Navios negreiros, funileiros ou tumbeiros; viajavam amontoados e tinham uma alimentação parca e não raramente 20% dos embarcados morriam nas viagens, ou em decorrência delas. O excesso de carga, por cobiça dos traficantes, provocava às vezes naufrágios fatais.     
  

Na Europa moderna, Portugal foi o primeiro País a utilizar trabalho escravo negro. No início,  em Portugal, os escravos  eram usados apenas  para serviços domésticos – ainda no Século XV , os portugueses  começaram a usar escravos nas plantações de cana nas Ilhas do Atlântico. Portanto, no limiar do Século XVI, a economia açucareira se  implantou no Brasil, e começou a crescer, os escravos africanos para cá  foram transportados .
O exemplo de Portugal será seguido por outros países europeus. A Espanha, a Inglaterra, a França  e a Holanda, que tinham possessão  de  colônias  no continente americano, utilizaram largamente o trabalho escravo. Mais de 20 milhões de africanos foram arrancados das suas terras, familiares e amigos para trabalhar e enriquecer fazendeiros, mineiros e traficantes.
 
Nota: Era uma Vergonha a escravidão! – A Inglaterra havia libertado os escravos de suas Colônias em 1833; em 1846, fizeram o mesmo a Suécia e a Holanda; em 1848, a França e a Dinamarca; em 1854, Portugal; e, depois de grande luta (a guerra da Secessão), os Estados Unidos da América, em1865. Em 1870, acabada a guerra do Paraguai, o seu governo provisório aboliu a escravidão, a pedido do Conde d’ Eu! E o Brasil passou a vergonha de continuar com escravos, que os nossos dois aliados (Argentina e Uruguai) não tinham.

 Nota: A Princesa Isabel e a libertação. – A Princesa Regente Isabel (1846-1921), era dedicada partidária da libertação dos escravos: em Petrópolis promovia festas para formação de Fundos destinados à liberdade dos escravos que ainda existiam na Cidade; e numa Quermesse aí vendeu flores colhidas no Quilombo do Leblon/Rio, em beneficio da Causa.   



Abolição! Abolição! Era o coro da Nação...

Diante da pressão abolicionista, em 1871, o Parlamento aprovou a Lei do ventre Livre. Essa lei estabelecia que qualquer filho de escravo que nascesse a partir dessa data seria considerado livre. Outros parágrafos, no entanto, obrigavam o “favorecido” a prestar serviços, gratuitamente, até os 21 anos de idade.
Essa lei não satisfez os abolicionistas. Eles acharam absurdo que os filhos de escravos fossem obrigados a trabalhar até os 21 anos para os fazendeiros a fim de lhes pagar as despesas com a criação deles.
Os abolicionistas não queriam ‘meias medidas’. Por volta de 1880, a agitação nas Cidades e nas Fazendas assumiu grandes proporções. Os cafeicultores paulistas se manifestavam publicamente pelo fim da escravidão. O Exército se recusava a perseguir escravos fugidos. Os tipógrafos negavam-se a imprimir qualquer material contra a Abolição... Pressionados pelo enorme clamor popular, a imensa maioria dos políticos não se dispôs a discutir a questão das indenizações e aprovaram, em 13 de maio de 1888, uma Lei (com apenas dois Artigos...) que dizia simplesmente: “1º. – É declarada extinta, desde a data desta Lei, a escravidão no Brasil. 2º.  – Ficam revogadas as disposições em contrário ”. O Imperador D. Pedro II, que se encontrava gravemente enfermo na Europa, emocionado recebeu a grata notícia.    

        ...A sociedade africana...
Quando os portugueses desembarcaram na parte Oeste do Litoral africano, encontraram sociedades bastante diferentes entre si. 
Na religiosidade, no conhecimento técnico, na forma de governo e nas atividades econômicas. Varias dessas sociedades estavam politicamente organizadas em reinos, com as diversas funções em funcionamento. Uma nobreza aliada aos comerciantes, e ligadas ao poder político. Nesses reinos a agricultura, o artesanato e o comércio eram bem desenvolvidos.
Além desses reinos, também havia muitas Tribos. Algumas com o modo de vida bem semelhante ao das tribos indígenas brasileiras.
           
127 anos do sonho da Abolição da escravidão negra no Brasil
Data para não ser esquecida pelos brasileiros.  Treze de Maio. A escravidão proporcionou tema que mobilizou o País do Século XIX. O debate mesclava questões econômicas com sociais e morais, e foi mais de uma vez, motivo de tensão nas relações do Brasil com a Inglaterra. Para alguns brasileiros, a escravidão não era só a nódoa que envergonhava o País, mas também – cenário de atraso econômico. A defesa da mão de obra livre como elemento de progresso – feita pelos que viam na livre concorrência, no livre mercado e na diversificação das matrizes econômicas fatores de progresso – esbarraria sempre na defesa intransigente dos interesses da monocultura baseado no trabalho escravo. A economia cafeeira, que começara a tomar impulso durante o Primeiro Reinado, oporia forte e eficaz resistência a qualquer projeto abolicionista. Portanto, o movimento abolicionista só tomaria impulso mesmo depois da Guerra do Paraguai. No entanto, a Abolição em 1888, seguida de perto pela Proclamação da República em 1889, não proporcionou nenhuma  campanha  consistente com vista à integração do antigo elemento ( escravo negro ) à sociedade brasileira. Não deve existir descendente de escravos, e, sim de seres humanos que foram escravizados.          

                                                 Giancarlo Summa/UNIC-Rio...

O Brasil foi uma sociedade escravocrata durante a maior parte de nossa história. Isto quer dizer que o trabalho necessário ao funcionamento desta sociedade era realizado, principalmente,  através dos escravos africanos. Portanto, construir a Promoção da Igualdade Social- é se preparar para desfrutar do Desenvolvimento do Estado Brasileiro com respeito e inclusão  da Diversidade das Culturas de um Povo, e sua qualidade de seres humanos; negros /brancos/ indígenas... Nossa Gente do firmamento Azul - anil/ Das Terras Pindorama varonil. Civilização brasiliana. As brincadeiras africanas e afro-brasileiras trazem consigo características, valores e a inserção de elementos culturais africana ao nosso. A Escola (o sistema educacional...), precisa colocar os alunos em contato com os elementos que formam cada Grupo étnico brasileiro, para que eles sejam capazes de compreender a complexidade dessas identidades e, assim, se afirmar não apenas pela cor da pele ou do cabelo, mas também por outros elementos. Perfeito instrumento que consagra o passado fecundo e dinamiza. O presente de um Povo – suas manifestações e conteúdos com a força das Gerações para nossos dias... Alicerce de raízes... Sustentáculos das Etnias. WRA/15.
                                                                      

‘Brasil teve grande empenho na criação da Década da Afrodescendência’ (2015 - 2024) – diz Diretor do UNIC/Rio. Em entrevista a Rádio ONU, no Dia Internacional em Memória às Vitimas da Escravidão, 25 de março de 2015.... 
Declaração feita pelo Diretor do UNIC/Rio ( Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil) com sede no Rio de Janeiro, Giancarlo Summa. “Brasil foi, junto com os Estados Unidos, o país que, mas recebeu escravos africanos”. (Foto acima)



... Os Quilombolas  
...Tramitavam os Processos nos caminhos das nulidades para os Negros..., enquanto, a “punição  retórica” levava ao aquilombamento (... o formar Quilombo).

As fugas eram intensas ao longo do período escravocrata em nossa Pátria. As fugas individuais não tiveram êxitos; o Negro não conhecia o vasto território tupiniquim, eram capturados.
Mais adiante... Não se intimidou – fugiam para bem longe, quando em grupos; a solução coletiva deu melhor eficiência. Conseguiam sobreviver nas matas. Formavam Aldeias. Essas receberam o nome de QUILOMBO - Lá, os já não, mas escravos, procuravam  reconstruir formas cotidianas de Vida longe da Terra Além-mar;   sua Gamboa  / África pequenas no solo do Brasil .   
 A palavra Quilombo – de uso bastante recorrente na literatura escravista, é insuficientemente dicionarizada. Mesmo trazendo um rigoroso inventário de vários tipos de formação social identificados como tal, falta a informação básica de que na África Meridional, já no século XVII, um termo próximo, tchilongo, era utilizado para designar um Espaço humanizado, ou seja, território.


Ao longo da história do Brasil, houve a formação de vários Quilombos. Uns com apenas dezenas de africanos, e outros, como o de PALMARES, em Alagoas, com milhares de pessoas / entre índios – brancos – negros. Um espaço cobiçado que esteve constantemente sobre a mira de Portugal, durou cerca de 100 anos. Neste período, em meio à escravidão, os palmarinos construíram uma espécie de república livre. Mas, o rei de Portugal conseguiu, a partir de diferente estratégia, desativar esta organização, em uma luta comandada pelo bandeirante, Domingo Jorge Velho. ZUMBI escapou e começou a organizar outro exército. Persistentes, seus inimigos armaram outra emboscada e, desta vez, conseguiram matá-lo. Isso aconteceu em 21 de Novembro de 1695.   
Os Quilombos foram destruídos por mercenários. Os fazendeiros não podiam deixar que o sonho de liberdade espalhasse entre os escravos. Movimento esse que seria o prenúncio para acabar com o processo escravocrata no Brasil.
Passou-se mais de três séculos, o chão da Pátria viveu seu período escravocrata. ZUMBI dos Palmares – um dos maiores ícone da resistência negra ao escravismo –, este dignificou o povo brasileiro, e, podemos ressaltar que ainda há muito para concretização dos anseios  e conquistas do líder ZUMBIfigura que deve ser inesquecível  pelos brasileiros e aos amantes da liberdade e igualdade social entre os povos.
           
Atualmente - existem l.738 Quilombos, em 22 Estados da federação brasileira; formando, assim, as Comunidades quilombola, previstas em Lei e Programas para o acesso a terra, com previsão de qualidade de vida, saúde e direitos de cidadania, e investimentos; no âmbito Federal, de Estados e de Municípios.
Nossa tarefa deverá ser defender a promoção ao dialogo com a Diversidade de Etnias (ter direitos iguais, dentro de suas diferenças...). Resgatar nossa historiografia – estudos históricos e críticos no que diz respeito ao nosso desenvolvimento – nossa brasilidade, e no contexto continental, a partir da Identidade da consciência de nossa negritude e suas ramificações no processo civilizatório brasileiro.
 É, portanto, a Cultura brasileira – inserida no conceito étnico, ou seja, as diversas culturas que forma nossa Nação. Através de estudos socioculturais, e no foco com  a pesquisa  para a melhor  observação das condições do povo   de matriz africana ; juntamente com a etnia - e seu convívio - formando a grande civilização  miscigenada  do  Atlântico Sul, sua etnologia - para traçar nossas diferenças; e, sem cotas  no futuro próximo.  WRA/ FC.





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