UNESCO declara Cais do Valongo Patrimônio da Humanidade
Marco
da herança africana no Rio de Janeiro, o Cais do Valongo agora é Patrimônio
Cultural da Humanidade. O Comitê de Patrimônio Mundial da UNESCO – avaliou a
inscrição do Sítio arqueológico, em sua 41ª. Reunião anual, que aconteceu em,
09 de Julho de 2017, Cracóvia/Polônia.
O
Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, teve candidatura aceita para seu
reconhecimento como Patrimônio da Humanidade, pelo Centro do Patrimônio Mundial,
da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
A notícia foi divulgada em, 02 de Julho de 2017, pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que começou a elaborar o dossiê para a candidatura com a
prefeitura do Rio em 2014.
Porta de entrada mais de um milhão de
Escravos africanos no Brasil no Século 19, o Cais foi o maior Porto receptor de
Escravos do mundo. Soterrado durante mais de um Século, ele foi revelado em 2011, durante as obras do projeto
Porto Maravilha, que está revitalizando a região portuária do Rio.
Uma missão de avaliação de
representantes dos órgãos consultivos da UNESCO visitará a Região portuária e o
Cais do Valongo nos próximos meses. O trabalho técnico terá participação da Comunidade
e do Comitê Consultivo da Candidatura, composto por instituições governamentais
e da sociedade civil, especialmente as representativas da preservação e
valorização da herança. Para o Instituto, o reconhecimento do Cais como
Patrimônio Cultural da Humanidade é importante para fortalecer o seu valor
universal excepcional “como memória da violência contra a humanidade
representada pela escravidão, e de resistência, liberdade e herança, fortalecendo
as responsabilidades históricas, não só do Estado brasileiro, como de todos os
países membros da UNESCO”, diz o anúncio. “É, ainda, o reconhecimento da
inestimável contribuição dos africanos e seus descendentes à formação e
desenvolvimento cultural, econômico e social do Brasil e do Continente
americano”. O Brasil recebeu mais de quatro milhões de Escravos nos mais de
três Séculos de duração do regime escravagista.
O Cais do Valongo foi construído em
1811. A Cidade do Rio de Janeiro, Brasil em quase quatro Séculos de escravidão,
recebeu sozinha cerca de 20% de todos os africanos escravizados que chegaram
vivos às Américas. Em 1831, o Valongo foi fechado, quando o tráfico
transatlântico foi proibido por pressão da Inglaterra. Em 1843, foi remodelado
com requinte para receber a Princesa das Duas Sicílias, Teresa Cristina Maria
de Bourbon, noiva de D. Pedro II, e passou a se chamar Cais da Imperatriz. Com
a assinatura da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, pôs-se fim verdadeiramente ao
tráfico para o Brasil, embora a última remessa conhecida date de 1872 e a
escravidão tenha persistido até a Abolição, em 1888.
Em 1911, com as reformas urbanísticas
da cidade, o Cais da Imperatriz foi aterrado. Com as obras do Porto Maravilha,
foram encontrados milhares de objetos como parte de calçados, botões feitos com
ossos, colares, amuletos, jogos de búzios e outras peças usadas em rituais
religiosos.
Em 2012, o Cais foi transformado em
monumento preservado e aberto à visitação pública e passou a integrar o
Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, que
estabelece marcos da cultura afro-brasileira na Região Portuária, ao lado do
Jardim Suspenso do Valongo, Largo do Depósito, Pedra do Sal, Centro Cultural
José Bonifácio e Cemitério dos Pretos Novos. Em 2013, Dia da Consciência Negra,
o Cais do Valongo tornou-se Patrimônio Cultural da Cidade do Rio de Janeiro/Brasil. / COMPAZ/Folha Cultural
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