terça-feira, 15 de novembro de 2016

Via Folha Cultural




O Momento informacional...*Wilson Rodrigues de Andrade.
  Há o sentimento de que perdemos algo fundamental a partir de grande maremoto informacional que teve início na divisão dos anos de 1970 para os de 1980: a delicadeza com que a síntese hippie temperou a contra contracultura nas Décadas da denominada Guerra Fria; pois, certo gosto pela contemplação, flores no poder, noites hipnóticas no firmamento, o estar no campo, nas lides  rurais, tudo foi de repente abalado por ventos tensos; o Mundo no giro veloz. O brilho psicodélico deu lugar ao brilho psicopático, a corrida pelo Poder. Os anos 1980, com suas diversas belezas. Foi sintonizado um novo arranjo orbital saído da História, a nos apoiar no Presente o único contexto possível.
 A partir dos anos 1990, a emergência da Era da Informação iniciou o processo de colonização das mentes. O coletivo e o individual passaram a se confundir: postados, ao mesmo tempo, uma Praça que congrega multidões e absolutamente sós, na ‘caverna’, este universo! Possibilita-nos conversar com inúmeras pessoas simultaneamente, multiplicando o Tempo, e assim, escrevendo na velocidade do pensamento. Este tempo multifuncional para os sentidos nos leva a uma experiência irreal, estrangeiro (através de um tubo intermediário)..., a realidade imediata passou a se situar num labirinto de intersubjetividade localizado numa rede de signos digitais que, se assim for o desejo, pode dar conta de toda atividade relacional.
A outra ponta dessa inversão está, justamente, na Vida exterior: a rua, os corpos, a matéria, o sol, o outro “em pessoa” adquirem o status de virtualidade, fenômenos localizados “fora” do somatório de representações que cabe no espaço infinito da rede. Não é nem preciso estar em casa para aderir a esta célula existencial divorciada do mundo “concreto”: um taxista moderno sequer se comunica com o passageiro, conectado que está, durante toda a viagem, ao monitor que emite freneticamente avisos de itinerário dos novos aplicativos matriciais que facultam ao usuário ver o taxi em movimento numa tela.
Este Momento do mundo conectado também produz maravilhas. Janelas comunitárias, espírito cooperativista, mobilizações humanitárias, poder de organização, e essa interessante possibilidade de estar ora no centro ora na periferia, curtir e ser curtido, ‘pular de um galho para o outro’, pertencer a varias tribos e nenhuma, dissipar-se no consumo cultural sem necessidade de uma mediação canônica (padrão / regra...), para cada criação e cada escolha.
A maior dificuldade de nossos tempos atuais, sobretudo quando habitamos nesta metrópole virtual, é de caráter cognitivo.  Todo o Renascimento, toda a Ciência, toda a tecnologia, toda a História, todas as revoluções, todas as psicologias e sociologias, todas as filosofias, o saber todo acumulado não foram capazes de conter a irresistível paixão pelas ignorâncias nem a transformação dada vez mais radical do outro em simples objeto especulativo sobre as cogitações do “eu”. Pôr-se no lugar do ouro ( no lugar de se ver no outro) , ouvir o que o outro diz, seus gestos que também fala; tudo isto poderá ser a próxima revolução (a essência deste Ato será promovermos melhoras momento para as  relações sociais). Adaptações de *Wilson Rodrigues de Andrade/ Jornalista e Produtor Cultura

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