sábado, 29 de agosto de 2015

Cais da Rainha/ Rio - vai virar Museu a céu aberto ( FC #20)

   Inserido no Projeto Porto Maravilha Valongo – região que mais recebeu Escravos Africanos.

   Afrodescendente terá lugar de destaque na nova paisagem da cidade, também dos cariocas.


   Quando o Cais do Valongo foi soterrado para a construção do Cais da Imperatriz – que receberia Dona Teresa Cristina, em  1843 -, Dom Pedro II não poderia imaginar que a história escondida do Porto que mais recebeu  escravos africanos no mundo voltaria à tona dois séculos depois, graças a  mais um processo de revitalização urbanística.
   Desta vez, no entanto, o alvo é a Olimpíada do Rio, que acontece em 2016, e pela primeira vez desde a construção do Cais da Imperatriz, o Valongo volta a ocupar lugar de destaque na nova paisagem da cidade maravilhosa.
    “A realeza se fez suficientemente lembrar, mas não os negros escravizados, que por ali passaram. Esses foram deliberadamente apagados com a superposição do Cais da Imperatriz”, afirma a arqueólogo Tânia Andrade Lima, professora do Departamento de Antropologia do Museu Nacional da UFRJ e responsável pelo monitoramento arqueológico do projeto Porto Maravilha.
      As localidades tanto do Cais da Imperatriz quanto do Cais do Valongo já eram conhecidas de historiadores e arqueólogos graças a uma antiga coluna com uma pequena placa registrando a presença do antigo Porto. Sua estrutura foi revelada durante uma obra de drenagem na zona portuária, durante escavações na rua Barão de Tefé, e devido a forma como o Cais da Imperatriz foi construído – por cima do Cais do Valongo –, o sítio arqueológico encontra-se em  ótimo estado de conservação.


  Desde que foi revelado, o Cais do Valongo teve sua importância histórica confirmada tanto por meio das descobertas feitas no sítio arqueológico quanto no reconhecimento político da referida região – uma antiga reivindicação de representantes e lideranças do movimento negro no Rio. O atual prefeito, Eduardo Paes já anunciou que a área do Cais do Valongo será transformada num memorial – um museu a céu aberto.
     A prefeitura também admite a criação do Circuito da Herança Africana na área do Porto Maravilha. Sob a coordenação da Subsecretária do Patrimônio Histórico, um conjunto de locais marcantes para a memória da cultura afro-brasileira – que inclui o Cais do Valongo, os Jardins do Valongo, a Pedra do Sal, o Largo do Depósito e o Instituto Pretos Novos (IPN) na Gamboa, além do Centro Cultural José Bonifácio – estão sendo restaurados e revitalizados com recursos do, Projeto Porto Maravilha. Os locais que integram o circuito devem receber sinalização apropriada para que sejam convertidos em pontos de visitação turística e de interesse  para Escolas e pesquisas históricas e artísticas - culturais.
 ... Antídoto contra a amnésia social...
     A decisão pela preservação da área do ‘Valongo’ dentro do Projeto Porto Maravilha foi “sábia”, declaração de Tânia Andrade Lima, ela que foi em defesa, a contrapartida da História do Negro no Brasil dentro do projeto de renovação e “clareamento” do Porto. “São extremos”, afirma, “mas que devem conviver e funcionar como antídoto contra a amnésia social. Houve uma situação deliberada de apagar a história do complexo do Valongo, uma chaga vergonhosa na vida da cidade”, concluiu a doutora em arqueologia.

... A surpresa
    Além dos canhões (a retirada de três canhões de ferro, provavelmente do começo do século XVII...) , já foram encontrados diversos artefatos culturais que remetem ao cotidiano dos cerca de 2 milhões de  escravos que passaram pelo Porto do Valongo durante o seu período de maior atividade, entre 1811 e 1831, como búzios, botões, cachimbos e outros pequenos itens feitos a partir de ossos de animais. Segundo a professora Tânia, as escavações no Valongo devem prosseguir até o segundo semestre deste ano. A pesquisa e a apresentação das descobertas, no entanto, ainda devem levar mais alguns anos devido à grande quantidade de material encontrado.
                                       Fred Leal / V. Econômico com Wilson Rodrigues de Andrade /FC.


Candidatura Como Patrimônio da Humanidade ( Matéria revisada.../29-Agosto 15/WRA)

Devido um fato para a importância da História do Brasil, dos Africanos e do Mundo, o Cais do Valongo pode ganhar o Título de Patrimônio da Humanidade. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) elaborou um dossiê técnico para uma candidatura que foi entregue em fevereiro de 2015.

O pedido de Inclusão na Lista da Organização das Nações Unidas Para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) acontece há contexto das celebrações pelos 450 Anos de Fundação do Município do Rio de Janeiro e da Década Internacional de Povos Afrodescendentes (2015/2024), instituída pela Assembleia Geral da ONU.  

O Cais do Valongo foi declarado Patrimônio Nacional em Novembro de 2013, quando a UNESCO considerou as partes locais da Chamada "Rota do Escravo", o Projeto criado pela Instituição em 2006, para destacar o patrimônio imaterial, e relacionado ao Tráfico de Escravos no Mundo. Construído para ser Ponto de Desembarque e Comércio de Escravos, em 1843, foi transformado de Cais da Imperatriz para receber Teresa Cristina, que se casaria com D. Pedro II. 
"O contexto da elaboração desse Dossiê acaba fazendo parte de um Sistema muito coeso que confere significado ao Cais do Valongo. Nesse sentido, colocou no cataloga outros Pontos de grande importância para a compreensão, tais como,  o Cemitério dos Pretos Novos, o Jardim do Valongo e a Pedra do Sal ", focalizou Ivo Barreto, Superintendente do IPHAN, acrescentando que o Cais do Valongo tem uma materialidade inegável.

Mãe Celina de Xangô acompanhou o Processo de escavação do Cais do Valongo e conta que, este período, veio à tona sua História ancestral e espiritual. "O Cais do Valongo é a nossa História”. Podemos agora contar uma História que nos foi negada. Vou usar uma frase que eu uso quando piso aqui: “A senzala o Negro já sabe onde é e como é agora vamos o deixar sentir o gostinho da Casa-Grande”

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  O quanto a Arte é necessária, todos devemos saber; o manter a Comunidade Humana e seu Processo Civilizatório e sua Causa. * FC/WRA. (…) Pa...