Por que celebramos o Dia Internacional da Mulher em 8 de Março?
A versão mais popular da origem do Dia Internacional Da Mulher diz que a criação da
data comemorativa foi por causa do incêndio em uma fábrica de roupas em
Nova York. Porém, a história é um pouco diferente. Ainda que o incêndio tenha
marcado a história, ele ocorreu em, 25 de Março de 1911.
A socióloga Eva Blay, em artigo
para a revista “Estudos Feminstas”, da Universidade Federal de Santa Catarina,
explica em um artigo que as origens do Dia Internacional da Mulher são
anteriores ao incêndio.
Marchas
e protestos
O Dia Da Mulher foi mencionado pela
primeira vez em 1908, em uma marcha nos Estados Unidos que aconteceu em
fevereiro daquele ano, em que mulheres socialistas protestavam pelo direito ao
voto e melhores condições de trabalho. No ano seguinte, a manifestação reuniu
mais de duas mil pessoas.
Em 1910, na
Dinamarca, aconteceu o II Congresso De Mulheres Socialistas. Durante o
encontro, Clara Zetkin, professora, ativista e jornalista voltada para o
feminismo e igualdade de gênero, sugeriu a criação da data comemorativa, sem
dia definido. Já em 1911 aconteceram passeatas com o tema na Dinamarca,
Suíça, Alemanha e Áustria.
O papel do famoso incêndio
No fim do século 19 e começo do 20 as condições de
trabalho eram sofríveis. Entre outros abusos, era comum que os donos de
fábricas trancassem as portas e escondessem os relógios para que os
funcionários perdessem a noção do tempo e trabalhassem mais, e na Triangle
Shirtwaist Company não era diferente. O que não se esperava é que durante o
“expediente” começasse o incêndio.
Relatos indicam que haviam 600 pessoas no
dia, em sua maioria mulheres entre 13 e 23 anos. Ao começar o fogo, os
trabalhadores correram para o elevador, portas, janelas e terraço, tentando
escapar, entretanto pelo fato da porta estar trancada, muitos não conseguiram
escapar e pularam para morte. Outros morreram asfixiados por conta da fumaça e
do fogo. No total morreram 146 pessoas, sendo 21 homens e 125 mulheres.
A comoção foi tanta que dia 5 de abril,
100 mil pessoas se reuniram debaixo da chuva para acompanharem o funeral
coletivo das vítimas.
Hoje o local é ocupado pela Universidade
De Nova York, que tem uma placa na frente explicando que “neste lugar, em 25 de
março de 1911, 146 trabalhadores perderam suas vidas no incêndio da Companhia
de Blusas Triangle. Deste martírio resultaram novos conceitos de
responsabilidade social e legislação do trabalho”.
8
de março
Várias
manifestações intituladas de “Dia da Mulher” estavam acontecendo, porém foi na
Rússia, em 1917, que aconteceu a primeira marcha no dia 8 de
março. Trabalhadoras se reuniram por melhores condições de trabalho e
contra a entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial.
A
partir dos anos 1960 a data passou a ser escolhida com frequência para os
protestos a favor da igualdade de gênero, inclusive no Brasil durante a
ditadura de 1964, e foi aos poucos se tornando, não oficialmente, o Dia Da
Mulher, até 1975 quando a ONU declarou 8 de Março como o Dia Internacional Da
Mulher.
No Dia
da Mulher, quando todos os olhos se voltam para a igualdade de
gêneros, dados da União Interparlamentar, mostram que somente
23,4% dos deputados, senadores e parlamentares em todo o mundo são mulheres.
Apesar de baixo, o número cresceu ao longo dos anos – em 2013 eram apenas 11,3%
–, mas ainda está muito longe do ideal.
Os países nórdicos lideram o ranking como
a região com as melhores taxas de participação feminina na política, são 41,4%
de mulheres parlamentares. Ruanda,
um pequeno país no nordeste da África é, contudo, o país que possui a maior
participação feminina em sua Câmara de Deputados e Senado: 61,3% dos assentos
são ocupados por legisladoras. Outros países africanos como Senegal,
Namíbia e Moçambique também apresentam taxas bastante
surpreendentes.
Na América do Sul, se destacam Bolívia,
Argentina
e Equador.
O Brasil aparece no fim da lista da região e na 155a posição mundial para
representação parlamentar feminina: são apenas 10,7% no Congresso nacional. Via COMPAZ/ Folha Cultura/ 8-Março-18.
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