Brasileiros são os que menos confiam em democracia na América Latina, diz pesquisa. Marcia Carmo De Buenos Aires para a BBC Brasil/Out-17
Uma pesquisa
realizada em dezoito países da América Latina revelou que os brasileiros são os
mais insatisfeitos com a democracia. Somente 13% dos brasileiros responderam
estar "muito satisfeitos" e "satisfeitos" com ela, segundo
o levantamento da Latinobarómetro.
De acordo
com a pesquisa, apresentada nesta sexta-feira em Buenos Aires, o índice de
satisfação dos brasileiros ficou abaixo da média da Região, que é de 30%. Os
cinco primeiros mais satisfeitos com a democracia em seus países são Uruguai
(57%), Nicarágua (52%), Equador (51%), Costa Rica (45%) e Argentina (38%).
Foram
ouvidas 20,2 mil pessoas na região, entre Junho e Agosto de 2017. O
levantamento é anual e vem sendo realizado desde 1995.
Em
entrevista à BBC Brasil, a socióloga chilena Marta Lagos, diretora da ONG
Latinobarómetro, disse que o mal-estar dos brasileiros com a democracia é
antigo. "O Brasil sempre foi meio desconfiado, mas a avaliação está
especialmente pior agora", disse Lagos, que arrisca algumas explicações
para o fenômeno.
Para ela,
além de o brasileiro não ver melhora em sua vida, o país sofre de um
"problema grave de liderança política". A pesquisadora ressalva,
porém, que a pesquisa não aborda temas específicos como a impopularidade do
presidente Michel Temer ou a destituição da ex-presidente Dilma Rousseff. Mas quando a
questão é a aprovação do governo em vigor, o Brasil voltou a ficar em último
lugar, com apenas 6% respondendo que o "aprovam". Neste item, a média
na região foi de 36%, com a Nicarágua (67%), o Equador (66%) e a Bolívia (57%)
figurando entre os três primeiros colocados.
O Brasil
volta a ser lanterninha no ranking quando o tema abordado é a confiança entre
as pessoas. Após ouvir a pergunta "É possível confiar na maioria das
pessoas?", apenas 7% dos brasileiros disseram que sim. Entre os que menos
confiam, logo acima do Brasil, estão Paraguai (8%) e Venezuela (9%). Chile e
Equador, com 23% cada, registraram o maior percentual de confiança.
Para Lagos,
o alto índice de desconfiança dos brasileiros tem motivos. "Esta
desconfiança entre as pessoas é resultado dos casos de corrupção. A corrupção é
o tema principal em um pacote que envolve a situação social, a relação entre as
pessoas e a desconfiança com a classe política como um todo", especula.
Confiança no Congresso
A pesquisa
mostrou também que somente 11% das pessoas no país confiam "muito" ou
"razoavelmente" no Congresso Nacional. Neste ranking, o Brasil ficou
em penúltimo lugar - a lanterna ficou com o Paraguai, com 10%. A Venezuela
(37%), o Uruguai (34%) e a Bolívia (32%) estão entre os que mais confiam em
seus parlamentos.
No histórico
da pesquisa, feita em pouco mais de vinte anos, a confiança do brasileiro em
relação à democracia foi maior em 2010, com 54%. Naquele ano, 80% das pessoas
no País diziam ver na democracia o melhor sistema - o índice agora é de 62%.
Naquele ano,
o Brasil não tinha os problemas econômicos de agora, mas para Lagos a visão
sobre a democracia não é influenciada pelo comportamento da economia.
"Existe uma insatisfação do brasileiro com a classe política como um todo.
A percepção é a de que o governo trabalha para poucos e privilegiados, e que
não está preocupado com os demais", disse.
Quando
perguntados sobre "qual é na sua visão o principal problema do país, se a
corrupção, a situação política ou a educação", 31% dos brasileiros
responderam "corrupção". Na média, a corrupção preocupa apenas 10% na
região.
A pesquisa
mostrou ainda que 44% dos brasileiros disseram ter sido vitimas de algum delito
(assaltado/agredido ou outro). No México, este índice foi de 58% e na Venezuela
de 50%. A média na região foi de 37%.
O País ficou
próximo da média, de 37%, quando o assunto é as perspectivas sobre a economia -
44% dos brasileiros (mesmo índice que os argentinos) responderam que ficará
melhor. Mas quando o assunto é o medo do desemprego, o Brasil lidera: 61%
disseram estar "muito preocupados" em passar sem emprego nos próximos
doze meses. Via BBC/ FC.- Junho/18.
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