Via Jornal /Revista Pública ( Publicação portuguesa) COMPAZ/FC.
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
Há seis anos, no dia 7 de Dezembro de 2009,
publicámos uma capa como nunca a tínhamos feito. Não tinha imagens, não tinha
manchete, não tinha títulos. Apenas um texto, que começava assim, em letras
grandes: “Hoje, 56 jornais em 44 países dão o passo inédito de falar a uma só
voz através de um editorial comum. Fazemo-lo porque a humanidade enfrenta uma
terrível emergência. Se não nos juntarmos para tomar uma acção decisiva, as
alterações climáticas irão devastar o nosso planeta, e juntamente com ele a
nossa prosperidade e a nossa segurança”.
Copenhaga falhou escandalosamente e foram
precisos seis anos para que se chegasse a um momento semelhante. Esse instante
mítico materializou-se sábado, 12 de Novembro, às 19h26, em Paris. O ministro
francês dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, bateu o martelo, centenas de
pessoas – ministros, diplomatas, representantes governamentais – irromperam
numa ovação comovente, e estava aprovado o novo tratado internacional pelo qual
tanto se esperou.
A contagiante emoção do momento não nos pode
fazer esquecer que o Acordo de Paris, adoptado neste
sábado pelas Nações Unidas, é apenas um primeiro passo, e tardio.
Contém os ingredientes para um futuro viável. Mas a receita ainda não é a
melhor.
Se for cumprido tal como está, nalgum momento da
segunda metade deste século estaremos próximos de nos livrar da dependência dos
combustíveis fósseis – o carvão, o petróleo, o gás natural, que a toda hora
estamos a queimar, em segundos, devolvendo à atmosfera o CO2 que dela foi retirado
ao longo de milhões de anos.
Não há nada no acordo, porém, que diga quando
este dia vai chegar. Comprometemo-nos apenas a fazê-lo entre 2050 ou 2100.
Dizem-nos os cientistas que não temos tempo a
perder. Que as emissões de CO2 devem ser reduzidas a zero até 2050, se de facto
queremos conter a subida do termómetro global abaixo de 1,5ºC, como fixa o
acordo – e esse é um dos seus méritos mais substanciais.
Resta saber se vai funcionar o modelo que o
Acordo de Paris inaugura, em que os países dizem o que vão fazer, sem que as
Nações Unidas lhes imponham metas. Por ora, mostrou já uma grande virtude, pois
facilitou que todos os países – ricos e pobres – aceitassem fazer parte do
esforço colectivo necessário para travar as alterações climáticas. Mas tudo o
que foi prometido até agora não é ainda suficiente e o primeiro teste do novo
tratado estará em fazer com que todos reforcem os seus compromissos.
Sem isso, de nada adiantam os aplausos deste
sábado.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Celebre conosco o #DiaInternacionaldosMuseus passeando pelas principais obras e ações que estamos realizando para devolver o #MuseuNacion...

-
Missa pelo Jubileu/*WRA. Celebração pela missão e gratidão. Capela de Alberto Torres/ Distrito de Areal - Estado do Rio de Janei...
-
Cidadania e Cidadão/ *WRA. O que é ser Cidadão? O que é Cidadania? Cidadão é qualquer pessoa que tem seu registro de nascimento. Cida...
-
Celebre conosco o #DiaInternacionaldosMuseus passeando pelas principais obras e ações que estamos realizando para devolver o #MuseuNacion...
Nenhum comentário:
Postar um comentário