No Mês do Dia Internacional das Mulheres,
lembrado em, 8 de Março, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA)
celebra a jornada de quatro ativistas que lutam pela igualdade de gênero
em diferentes partes do mundo: Tanzila Khan, do Paquistão, Carmen
Barroso, do Brasil, Marijana Savic, da Sérvia, e Edna Adan Ismali, da
Somália. Conheça a história delas.

Da
esquerda para direita, Tanzila Khan, do Paquistão, Carmen Barroso, do
Brasil, Marijana Savic, da Sérvia, e Edna Adan Ismali, da Somália.
Fotos: Tanzila Khan/Deli Barroso/ONG Atina/Arthur Nazaryan/Delphin Films
No mês do Dia Internacional das Mulheres, lembrado em, 8 de Março, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) celebra a jornada de quatro ativistas que lutam pela igualdade de gênero em diferentes partes do mundo.
A Agência da ONU entrevistou Tanzila Khan, do Paquistão, Carmen
Barroso, do Brasil, Marijana Savic, da Sérvia, e Edna Adan Ismali, da
Somália, para marcar a data e divulgar histórias de mulheres que
inspiram a busca por um mundo sem discriminação. Confira as trajetórias
de cada uma delas abaixo.
Edna Adan Ismail, da Somália
Edna é uma pioneira. Foi uma das primeiras mulheres da Somália a se
tornar enfermeira e parteira, a ter uma carteira de motorista e a ocupar
uma posição de liderança no sistema de saúde. Em 1965, foi recrutada
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para educar outras profissionais
de enfermagem e obstetrícia. Nova anos mais tarde, Edna começou sua
militância pelo fim da mutilação genital feminina.
Avanços foram conquistados a duras penas. No Chifre da África, a
desigualdade de gênero é profundamente enraizada. Onde Edna nasceu, não
havia nem mesmo escolas para meninas. A inspiração da ativista veio do
pai médico.

Edna
criou hospital universitário e foi condecorada pelo governo da França
por seus esforços em prol da saúde das mulheres somalis. Foto: Edna Adan
Foundation/Sarah Winfield
“Ele permitiu que eu aprendesse a ler e escrever com os meninos”,
lembra a somali. “Ele me tratou da mesma maneira que tratava meu irmão e
meus primos, me encorajando para que eu buscasse o mesmo direito para
as outras meninas”.
Nos anos 1960, apesar da trajetória já significativa, Edna ainda não
havia sido nomeada para cargos públicos “porque era mulher e nenhuma
mulher jamais havia sido nomeada para tais posições”. Sem medo do
preconceito, ela não recuou. Após dois anos de trabalho, a obstetra
recebeu a indicação para um cargo.
Como profissional da área da saúde, Edna testemunhou como as
disparidades entre homens e mulheres podem matar. A Somália tem uma das
maiores taxas de mortalidade materna do mundo, um indício, segundo o
UNFPA, de que as demandas de atendimento das mulheres não vêm sendo
supridas.

Para
outras ativistas, Edna tem um conselho: ‘se você acredita que o quê
você está fazendo está correto, não desista para agradar os outros’.
Foto: Delphin Films/Arthur Nazaryan
Para reverter esse cenário, Edna abriu uma maternidade e um hospital
universitário na Somalilândia em 2002. Lá, profissionais eram treinados
não apenas para cuidar da saúde das pacientes, mas também para
orientá-las sobre seus direitos. O hospital se tornou referência na
região.
Em 2010, Edna criou uma universidade, que conta atualmente com mil estudantes matriculados em cursos da área da saúde.
O trabalho da ativista obteve reconhecimento mundial: em 2010, ela
foi condecorada com a Ordem Nacional da Legião de Honra da França.
Para Edna, porém, as mulheres ainda têm um longo caminho a percorrer.
“Não alcançamos, ainda, nossos objetivos para a igualdade de gênero”,
disse ao UNFPA, que apoia programas em seu hospital. Para outras
ativistas, ela tem um conselho: “se você acredita que o quê você está
fazendo está correto, não desista para agradar os outros”.
Marijana Savic, da Sérvia
“Durante a década de 1990, eu perdi meu país e, com isso, parte da
minha identidade”, contou Marijana ao UNFPA, referindo-se ao conflito na
antiga Iugoslávia. “Eu testemunhei o horror e o sofrimento das pessoas,
especialmente das mulheres e menina. Os direitos humanos foram deixados
de lado.”

A ONG Atina, fundada por Marijana, também atende refugiados e migrantes vítimas do tráfico de pessoas. Foto: ONG Atina
Os abusos contra a população feminina não terminaram com o fim dos
conflitos. “Vivemos com as consequências da guerra até hoje”, explica.
Em 2004, Marijana decidiu fundar a organização não governamental Atina. O
objetivo da iniciativa era dar assistência a sobreviventes da
violência, exploração e tráfico de pessoas na Sérvia.
“Criamos o primeiro abrigo para vítimas de tráfico”, lembra Marijana
em entrevista à agência da ONU. Atualmente, a ONG oferece assistência
psicossocial, legal e médica, e atua também na reintegração social dos
sobreviventes. Seus programas são voltados para todas as pessoas,
incluindo crianças e homens.
Mais recentemente, a Atina incluiu um novo público na lista de grupos
atendidos: os refugiados e imigrantes na Europa. O UNFPA dá apoio às
equipes móveis da ONG e outras iniciativas.
As mulheres e meninas
permanecem em segundo
plano, invisíveis.
Para Marijana, a sociedade “deve entender as causas na origem do
tráfico e da violência”. Segundo a ativista, políticas e os programas de
assistência ainda são geridos majoritariamente por homens e, por isso,
refletem os interesses masculinos e as normas do patriarcado. “As
mulheres e meninas permanecem em segundo plano, invisíveis”.
Carmen Barroso, do Brasil

Carmen Barroso recebeu o Prêmio de População das Nações Unidas em 2016. Foto: IPPFWHR
Após obter seu PhD, a cientista social brasileira Carmen Barroso
fundou um centro de estudos sobre a situação das mulheres no Brasil. Aos
poucos, começou a pressionar por reformas políticas que atendessem as
demandas do público feminino por mais direitos e serviços de saúde.
Posteriormente, a especialista dirigiu a Fundação MacArthur e a
Federação Internacional para a Paternidade Planejada do Hemisfério
Ocidental (IPPFWHR). À frente das duas entidades, defendeu a pauta do
acesso a saúde a nível global.
Em 2016, Carmen foi condecorada com o Prêmio de População das Nações
Unidas por suas contribuições para a saúde reprodutiva das mulheres. Em
entrevista ao UNFPA, a cientista afirma que viu certo progressos nas
últimas décadas, mas não o suficiente.
O risco de morrer após uma gravidez ou
por complicações relacionadas
ao parto, incluindo abortos inseguros,
é 80 vezes maior em países de baixa renda.
“Houve um declínio nos índices mundiais de mortalidade materna, mas a
taxa ainda é escandalosamente alta”, disse. “O risco de morrer após uma
gravidez ou por complicações relacionadas ao parto, incluindo abortos
inseguros, é 80 vezes maior em países de baixa renda. É a diferença mais
contrastante nos indicadores de saúde pública.”
Tanzila Khan, do Paquistão

Para Tanzila, o progresso do mundo depende do empoderamento das mulheres e meninas. Foto: UNFPA
Tanzila Khan é a cara da nova geração de mulheres ativistas do
Paquistão. Há dez anos, ela publicou seu primeiro livro, feito que fez
sua história repercutir em todo o país e no mundo. “Como uma mulher com
deficiência, ganhei muita confiança e passei a acreditar em mim mesma.
Queria que todas as outras meninas também tivessem esse sentimento”,
afirmou ao UNFPA.
Hoje, com 26 anos, ela não tem dúvidas sobre as convicções que a
motivam a continuar lutando pela igualdade de gênero. “Sem o
empoderamento de mulheres e meninas, o mundo não verá progresso”,
alerta. “Acredito que todas temos uma voz muito poderosa.”
Tanzila fez parte do Y-Peer, um programa voltado para o empoderamento
da juventude paquistanesa que recebeu apoio da agência da ONU. A jovem
também fundou uma produtora para jovens artistas e se tornou uma
palestrante motivacional, encorajando jovens lutarem por seus direitos.
Atualmente, ela é coordenadora provincial do Fórum Nacional de
Mulheres com Deficiência, mas seu ativismo não se restringe às
fronteiras do Paquistão. “Daqui de Lahore, eu trabalho e sinto empatia
pelas mulheres dos Estados Unidos [e de todos os lugares],
independentemente de religião, raça ou identidade”, disse. “É uma
irmandade além de fronteiras, devemos cuidar umas das outras.” (UNIC-Rio/ C/Folha Cultural/17)
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